População e emigração

A fixação da população ao seu torrão natal e a emigração, dependem de vários factores.

As condições locais que favorecem a ocupação da mão-de-obra existente, o sector de ocupação que permitia uma melhoria sensível do nível de vida, a localização e a tradição, são alguns desses factores.

Tradicionalmente, nunca o salgueirense teve forte tendência para a emigração. Aparte um ou outro «brasileiro» ou «americano» das décadas de 20 e 30, o pouco tempo de actividade por terras longínquas e o fraco resultado dessas deslocações, não foram de molde a incentivar os naturais do Salgueiro em busca de outras paragens.

O antigo salgueirense nunca foi de grandes ambições. Não havia indústrias, o comércio era pouco desenvolvido, e grande parte da população dedicava-se portanto ao cultivo da terra, que ainda está, de há muito, bem repartida.

Os tempos, porém, mudaram e muitos salgueirenses mandaram os seus filhos para os estudos que, após a sua conclusão, conseguem colocações em actividades que o Salgueiro não oferece. Muitos outros, após o serviço militar, procuram serviço em empresas privadas fora do Salgueiro ou nos serviços do Estado (P.S.P., G.N.R., Exército, etc.).

E chega a década de 60.

A emigração, que é um fenómeno nacional desde recuados tempos, atinge grande amplitude a partir de 1960, não só pela rapidez com que se estendeu, como pela intensidade que se verificou.
Salgueiro do campo, agora, não fugiu à regra.

Movidos pela esperança de uma melhoria das condições de vida, conseguem contornar os mais diversos obstáculos à saída do País: exames médicos, cartas de chamada, contratos de trabalho, garantias de subsistência para os familiares, demoras verificadas, e entregam o seu destino a um «passador» que nem sempre cumpria o contrato, tendo como consequência, por vezes, a tragédia.

Dos cerca de 100 emigrantes que do Salgueiro se dirigiram para a Alemanha, Luxemburgo e principalmente para França, mais de metade foi a «salto» e só mais tarde se legalizou.

De princípio apenas os indiferenciados eram atraídos pela emigração, mas o fenómeno estendeu-se mais tarde a carpinteiros, pedreiros, serralheiros e outros. estes, na sua maior parte, seguiram devidamente legalizados.

O resultado da emigração não pode apenas ter em conta as avultadas quantias remetidas para o seu país de origem e consequentemente para a sua terra natal onde se construíram habitações, se alindaram outras, se montaram indústrias, etc., mas também pelo que poderiam produzir se tivessem continuado em Portugal.

Mais que a emigração, é hoje digno de nota o movimento migratório dos salgueirenses dentro do seu próprio País. Pelo recenseamento eleitoral de 1979 se concluía que cerca de 900 naturais do Salgueiro viviam noutras regiões, dos quais 302 em Castelo Branco.

Não há presentemente movimentos migratórios periódicos. Porém, nos anos cinquenta do anterior século, grupos não muito numerosos, deslocavam-se para a zona de Alcains, principalmente para fazer a campanha das ceifas e malhas. Ganhavam, em conjunto, a quinta parte das colheitas. Iam fazer o «quinto», diziam.

Resultados de alguns censos da população

  Alojamento Famílias Homens Mulheres Total de H. e M.
1890 389 --- 707 750 1457 (a)
1900 --- --- 783 863 1646 (a)
1960 609 --- --- --- 1529
1970 625 436 603 617 1220
1981 653 466 560 603 1163

(a) Incluía o Juncal.